VPPB – Vertigem paroxística posicional benigna

Neste post vou falar sobre VPPB, que é a causa mais comum de tontura de início súbito que leva o paciente ao pronto-socorro. Falarei sobre sintomas, causas, diagnóstico e tratamento.

Este é um texto detalhado, mas se você desejar uma leitura rápida, leia este outro post.

Sintomas da VPBB

Esta condição caracteriza-se por tontura do tipo vertigem (rotatória) , de curta duração (de segundos a minutos) causados por movimentos específicos da cabeça, em geral de deitar-se, levantar-se, rolar, ou até mesmo olhar para cima.  Apesar de ser rápida, essa vertigem repete-se várias vezes ao dia, sempre que o indivíduo faz um movimento  provocador. É o tipo de doença do labirinto mais frequente na população, principalmente em idosos, embora tenha tratamento simples e muito eficaz. É mais comum em quem tem enxaqueca ou doença de menière. Para entender melhor, vamos aprender sobre os canais semicirculares.

Figura 1- canais semicirculares

Anatomia da VPBB – Canais semicirculares

No nosso labirinto, temos 3 pares de  canais semicirculares, cada qual disposto num plano de movimento e perpendicularmente entre si: canal lateral, no plano horizontal, canal superior e inferior, ambos no plano vertical. São responsáveis pela detecção de movimentos rotatórios da cabeça, que ocorrem em 3 planos, ilustrados na figura a seguir.

Figura 2- eixos de movimentação da cabeça

Os CSC estão preenchidos por um líquido chamado de endolinfa e tem uma dilatação na ponta, chamada de ampola , que abriga a crista (que tem as terminações nervosas) e a cúpula (estrutura gelatinosa) que normalmente não se deslocam durante os movimentos da cabeça.

Figura 3- ampola e cúpula dos CSC

Na figura 1, também podemos ver o utrículo e o sáculo, responsáveis por detectar movimentos lineares de cabeça (como andar para frente e para trás, parada brusca de um carro, subida e descida de elevador), e são considerados órgãos otolíticos,por possuírem cristais de carbonato de cálcio em seu interior, chamados de otólitos ou otocônias. O utrículo se comunica com os CSC por aberturas e pela endolinfa. Quando esses otólitos passam para os CSC, e se depositam na cúpula ou no próprio canal, mudam o funcionamento desse órgão e passam a deslocar a cúpula e a causar vertigem nos movimentos normais da cabeça (descritos na figura 2).

Diagnóstico da VPBB

O diagnóstico é feito através de testes específicos realizados durante a própria consulta médica. 

O CSC mais acometido é o posterior, e o diagnóstico é feito através do teste de Dix Halpike, ilustrado abaixo. O paciente é deitado numa posição específica e o examinador observa o movimento de seus olhos (nistagmo), que é a chave para diagnosticar onde estão os otólitos e qual manobra será necessária para que eles voltem para o utrículo.

FIgura 4- Teste de Dix Halpike

O segundo canal mais frequentemente acometido é o lateral. Nesse caso o diagnóstico é feito pelo teste de roll over, ilustrado abaixo.

FIgura 5- Roll over test

Causas da VPBB

A VPPB pode ser originada por traumatismo craniano, processos inflamatórios ou infecciosos da orelha média, cirurgias de ouvido,  labirintopatias prévias (normalmente sem tratamento ou descontroladas ou desconhecidas pelo paciente), doenças vasculares, neuronite vestibular, doença de Meniere, doenças neurológicas, enxaqueca, sedentarismo e distúrbios metabólicos (ex: diabetes, alteração de tireóide, deficiência de vitamina D). Portanto, para o diagnóstico da VPPB não precisamos de exames, mas muitas vezes eles são solicitados para avaliar suas causas, principalmente exame de sangue e vectoeletronistagmografia. Pacientes com quadros resistentes ao tratamento,recorrentes ou atípicos podem precisar de mais exames, como tomografia de ouvido e ressonância de crânio.

Tratamento da VPBB

O tratamento é feito com manobras que fazem os otólitos voltarem para o utrículo, e elas variam de acordo com o nistagmo apresentado nesses testes. As mais comuns são a manobra de Epley e Semont, para CSC posterior, Lempert, para o CSC lateral, e Yacovino para CSC anterior (muito raramente acometido, mas com sintomas muito intensos), mas existem muitas outras manobras e só profissionais habilitados podem indicar a melhor manobra para cada paciente. Algumas manobras estão ilustradas abaixo.

Figura 6- Manobra de Epley (CSC posterior)
Figura 7- manobra de Lempert (CSC lateral)
Figura8- manobra de yacovino (CSC anterior)

Em geral são necessárias poucas sessões com essas manobras, em torno de 2 a 4. Medicamentos, por sua vez, não são eficazes e não  são utilizados rotineiramente. Algumas vezes pode haver recidiva em até 1 ano e necessidade de novas manobras e novos exames complementares, mas  geralmente a VPPB tem tratamento simples e eficaz. 

Dra Kênia Assis Chaves

Médica Otorrinolaringologista

CRMMG 52018

RQE 33072

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