O que é neuronite vestibular?
A neurite ou neuronite vestibular caracteriza-se por episódio único de início súbito e intenso de vertigem (tontura com sensação de rotação), além de náuseas e vômitos intensos e incapacitantes, que costumam levar o paciente ao pronto-socorro. Qualquer movimento da cabeça agrava o quadro e, por isso, o paciente prefere ficar deitado imóvel. Essa tontura dura dias, e via de regra não tem sintoma auditivo (perda de audição nem zumbido) nem neurológico (alteração de força ou capacidade de mexer braços e pernas, alterações faciais, perda de consciência, etc).
Qual é a causa?
A causa não está bem estabelecida, mas costuma-se relacioná-la com infecções virais no nervo vestibular, particularmente pelo herpes simples.O vírus provoca inflamação do nervo vestibular e, com isso, perda das função deste nervo (equilíbrio) deste lado.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é basicamente clínico, através da história e de testes que o médico otorrinolaringologista realiza durante a consulta, que são: nistagmo (movimento típico do olho, que costuma ser horizontal e em direção ao lado saudável); marcha do paciente (desviada em direção ao lado afetado); e teste de impulso da cabeça , que está positivo no lado afetado. Exames complementares podem ser necessários nos casos de dúvida diagnóstica, em especial RM crânio, para afastar AVC ou isquemia do sistema nervoso central (SNC). Outros exames que podem ser solicitados são: audiometria (para investigar perda auditiva), v-HIT (exame semelhante ao teste do impulso cefálico, mas mais preciso e bem documentado, demonstra o lado acometido), VEMP (que diagnostica o nervo acometido), vectoeletronistagmografia (documenta a falência vestibular unilateral).
Quanto tempo dura?
O quadro é autolimitado e os sintomas cessam completamente em dias a semanas. A maioria dos pacientes retorna à mobilidade em uma a duas semanas e fica com sintomas residuais (leves, apenas em giros rápidos da cabeça em direção ao lado afetado) por 2 a 3 meses.
Qual é o tratamento?
O tratamento, é sintomático, com supressores vestibulares potentes e de início rápido, como flunarizina, cinarizina, meclizina, dimenidrinato e outros. Medicações para suprimir o vômito também podem ser necessárias (tais como ondansetrona, metoclopramida, bromoprida, domperidona etc). Porém, essas medicações são usados por poucos dias, já que atrapalham o processo de compensação central, que é o mecanismo central de recuperação dos sintomas. Deambulação precoce e exercícios de reabilitação vestibular também podem ser utilizados, pois aceleram a melhora dos sintomas, principalmente nos quadro mais prolongados e intensos, idade avançada , doenças subjacentes do SNC e sintomas residuais.
Dra Kênia Assis Chaves
CRMMG 52018
RQE 33072