1- O que é hipofunção vestibular bilateral?
A síndrome vestibular bilateral ou arreflexia vestibular bilateral ou hipofunção vestibular bilateral é a perda total ou parcial da função de equilíbrio das duas orelhas simultaneamente. Não é um quadro raro, mas é diferente das outras labirintopatias porque não causa sintomas intensos e súbitos, e sim leves, mas persistentes e crônicos.
2- Quais as causas da hipofunção vestibular bilateral?
A causa mais comum é a ototoxicidade, que é o efeito de um medicamento ou agente infeccioso (vírus ou bactéria ou fungo) de reduzir a função do ouvido interno, tanto audição quanto a função labiríntica. A gentamicina, um antibiótico usado em infecções urinárias, sepse, infecções do trato biliar, gastroenterites, pneumonia, infecções uterinas e peritonites, é o medicamento classicamente relacionado a esse efeito. Outras possíveis causas são: sífilis, traumas de osso temporal, trauma craniano, meningite, labirintites infecciosas, tumores (neurofibromatose tipo II), otosclerose, hidropsia endolinfática (doença de Meniere), cirurgias nas duas orelhas, doenças auto-imunes, genéticas e idiopáticas (quando foi investigado, mas não revelou nenhuma doença).
3- Quais os sintomas da hipofunção vestibular bilateral ?
A oscilopsia e o desequilíbrio são as queixas mais comuns.
A oscilopsia é a sensação de oscilação do campo visual, principalmente na movimentação da cabeça ou quando andamos. Em outras palavras, quando o paciente mexe a cabeça, tem a sensação de que os objetos estão se movendo, ou ficam borrados, ou que a visão piora quando ele está em movimento. Paciente refere intolerância aos movimentos da cabeça. Já o desequilíbrio piora quando o paciente está no escuro (acorda de madrugada para ir ao banheiro) e sobre superfícies irregulares.
4- Como é o diagnóstico da hipofunção vestibular bilateral?
A suspeita se faz pela queixa e pela história clínica do paciente, além de alterações no exame físico (nas provas de head thrust e prova dos olhos de boneca). O diagnóstico é confirmado na vectoeletronistagmografia (testes calóricos e rotacionais), v-HIT e/ou VEMP.
Outros exames, como os de imagem ou de sangue, podem ser solicitados para investigar a causa da doença
5- Qual é o tratamento da hipofunção vestibular bilateral?
A reabilitação vestibular é o melhor tratamento, baseada na substituição das funções vestibulares por informações visuais e proprioceptivas. Uma alternativa ainda em desenvolvimento é o implante vestibular, com implantação cirúrgica de um sensor vestibular, mas ainda não está disponível. Medicamentos supressores vestibulares não são usados, pois, além de não reduzirem o desconforto do paciente, atrapalham a compensação labiríntica.
6- O que deve ser evitado pelos pacientes com hipofunção vestibular bilateral?
O paciente não pode praticar atividades em altura de maneira geral (ficar em pé a beira de precipícios ou de plataformas de trens) nem mergulho e precisa de muito cuidado em praia ou piscinas (não nadar e ficar no raso).
Dra Kênia Chaves
Médica Otorrinolaringologista
CRMMG 52018
RQE 33072