Por que ocorre tontura ao abaixar e levantar rápido?

Essa queixa é a campeã de queixas no consultório! Na verdade, existem uma série de causas para este sintoma e por isso vou detalhar algumas delas aqui.

1- Hipotensão postural:

Definição: queda da pressão arterial (queda da pressão sistólica > 20 mmHg, queda da pressão diastólica acima de 10 mmHg ou ambas) quando paciente passa da posição deitada para sentada ou em pé, de duração de segundos a minutos. 

Sintomas: Paciente tem sensação de desmaio, vista escura, mãos e pés frios, náusea, palpitação, ao se levantar rápido. Mais comum em idosos, mulheres jovens, diabéticos, neuropatas, cardiopatas e pacientes em uso de medicações que abaixam a pressão arterial. 

Diagnóstico: aferição da pressão deitada e depois sentada ou em pé ou através do tilt test

Tratamento: aumento da ingestão de líquidos e sal, exercícios físicos, meias de compressão, medicamentos (mineralocorticoides, antiinflamatórios não hormonais, betabloqueadores etc)

2- VPPB: vertigem paroxística posicional benigna (“doença dos cristais)

Mecanismo fisiopatológico da VPPB

Definição: Essa doença é causada pela presença de otólitos (cristais de carbonato de cálcio) nos cristais semicirculares (orelha interna). Esses canais são preenchidos por líquido, que se movimentam junto com os movimentos da cabeça, e estimulam receptores de movimento na extremidade deles. Normalmente os otólitos ficam no utrículo, mas quando eles migram para os canais semicirculares, passam a se movimentar junto com o líquido  e a estimular os receptores de movimento de maneira diferente, causando tontura.

Sintomas: tontura tipo vertigem (sensação de tudo girar) aos movimentos da cabeça, como olhar para cima, para baixo, se levantar ou deitar na cama, rolar na cama, de duração de segundos a minutos, que se repete várias vezes ao dia. 

Diagnóstico: através das manobras de dix Hallpike e head roll, realizadas no consultório , pelo médico especialista

Tratamento: o primeiro passo é voltar os otólitos para o utrículo através de manobras específicas (epley, Zuma, Semont, etc). O segundo passo é pesquisar porque houve migração das partículas, para evitar que isso ocorra novamente, o que também é realizado por médico otoneurologista.

3- Hipofunção Vestibular

Definição: diminuição da função do labirinto, de um lado ou dos dois lados, que pode ocorrer por envelhecimento, medicamentos, tóxicos, infecções, doenças próprias do labirinto (doença de Meniere, otosclerose etc)

Sintomas: tontura,  tipo mal estar, desequilíbrio, ao abaixar e levantar rápido, de duração de minutos, recorrente

Diagnóstico: vectoeletronistagmografia ou Video head impulse test (v-hit)

Tratamento: tratar a causa base e reabilitação vestibular

4- Enxaqueca vestibular

Definição: doença neurológica, genética, cuja principal característica é a dor de cabeça pulsátil, unilateral, que piora com luz e barulho, náuseas, incapacitante, sintomas visuais (pontos escuros ou brancos na visão), em geral desde criança ou adolescente,  mais comum em mulheres. Piora com privação de sono, alterações hormonais, dieta rica em cafeína, carboidratos, corantes e  adoçantes, álcool etc. Porém também causa sintomas neurológicos e o mais comum é a tontura.

Sintomas: qualquer tipo de tontura, tanto vertigem (sensação de estar rodando), principalmente aos movimentos da cabeça, de duração de minutos, ou desequilíbrio. de duração de horas a dias, ou pré-síncope (sensação de desmaio), podendo ser precedida ou seguida por cefaleia (mas isso não é critério obrigatório). Costuma ser desencadeada ou piorar com os mesmos gatilhos para a cefaleia.  Mais comum em mulheres, principalmente jovens, com história pessoal de cinetose (passar mal em viagens de carro, ônibus e barco) quando criança, história familiar de cefaleia.7

Diagnóstico: clínico (através da história). Exames complementares são realizados para descartar outras doenças.

Tratamento: medidas comportamentais (regular o sono, não usar hormônios, atividades físicas regulares, evitar estresse, ajustar dieta e evitar alimentos desencadeantes) e medicamentosas (antidepressivos, betabloqueadores, anticonvulsivantes e suplementos) e reabilitação vestibular. 

5- Causas cervicais

Definição: Existe um reflexo entre os nervos cervicais e o labirinto, chamado reflexo vestíbulo-cervical, que participa do nosso equilíbrio ao informar ao labirinto mudanças da posição da cabeça e proporcionar adequação dela de acordo com os movimentos do corpo. Quando há doenças da coluna cervical, ou da musculatura cervical, esse reflexo é alterado e dificulta a manutenção do equilíbrio.

Sintomas: tontura, principalmente sensação de desequilíbrio, aos movimentos da cabeça e pescoço, em geral de duração de minutos a horas. Pode ser acompanhada de dor cervical e rigidez muscular. Pode haver história de trauma cervical prévio. 

Diagnóstico: clínico (sintomas típicos) + exames de imagem (ressonância e tomografia da

coluna cervical)

Tratamento: fisioterapia, analgésicos quando necessário, reabilitação vestibular. 

6- Insuficiência vertebrobasilar

Definição: diminuição da chegada de sangue na orelha interna devido a alterações (bloqueio) nas artérias que irrigam o ouvido interno

Sintomas: tontura tipo vertigem ( sensação de rodar) ou pré-síncope (sensação de desmaio) aos movimentos cefálicos que comprimem as artérias do pescoço, de duração de minutos a horas, e que melhoraram com extensão cervical. Mais comum em pacientes com fatores de risco cardiovascular: hipertensão arterial, diabetes, AVC ou infarto prévios, colesterol alto, obesos etc. 

Diagnóstico: suspeita clínica + exame de imagem:  doppler de carótidas e vertebrais ou angiotomografia de vasos intracranianos ou doppler transcraniano

Tratamento: tratamento dos fatores de risco cardiovascular e reabilitação vestibular. 

Dra Kênia Assis Chaves

CRMMG 52018

RQE 33072

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