1- Quais os sintomas da doença/síndrome de meniere?
Os sintomas são vertigem- tipo de tontura com sensação de rotação, seja sensação que a pessoa está rodando no ambiente ou que o ambiente está rodando em volta da pessoa- associados à perda auditiva, a zumbido e a sensação de ouvido entupido, em episódios recorrentes. Esses últimos acontecem, por definição, em apenas uma orelha. Os sintomas ocorrem todos juntos e em crises, cuja duração pode variar de minutos até horas, mas não chegam a durar dias.
2- Os sintomas ocorrem apenas durante as crises?
No início, os sintomas somem completamente entre uma crise e outra. Com a progressão da doença, a perda auditiva e o zumbido se tornam permanentes, assim como um tontura leve, sem vertigem, mas com sensação de desequilíbrio, principalmente nas mudanças de posição (deitar, levantar).
3- Qual a causa da doença de Menière?
A causa desses sintomas é o aumento do volume do líquido, chamado endolinfa, dentro da cóclea e dos órgãos vestibulares. Esse fenômeno é denominado hidropsia endolinfática.
4- Qual a diferença entre síndrome e doença de Menière?
A síndrome de Meniére é secundária a outras doenças (como hipotireoidismo, diabetes, aumento de insulina, aumento de colesterol ou triglicérides, erros alimentares, insuficiência da glândula suprarrenal ou hipófise, sífilis, traumas, infecções virais, tumores, anemia, doenças auto-imunes, malformações da orelha interna e outras). Portanto, ela pode ser completamente revertida com o tratamento de sua causa. Já a doença de Menière ocorre de forma idiopática (sem causa específica), e tende a ter um curso crônico e recidivante.
5- Como é feito o diagnóstico de doença/síndrome de Meniere?
O diagnóstico é basicamente clínico, ou seja, depende da história dos sintomas e alterações presentes no exame físico do paciente, associados a poucos exames, principalmente audiometria. Outros exames possam ajudar, principalmente nos casos de dúvida diagnóstica, como eletrococleografia, eletronistagmografia, potenciais evocados vestibulares(VEMP), teste do impulso encefálico (v-HIT), BERA/PEATE (Potencial Evocado Auditivo do Tronco Cerebral). São recomendados, ainda, exames de sangue e exames de imagem (tomografia e ressonância da orelha) para pesquisa de uma doença de base, ou para excluir outras enfermidades.
6- Como é o tratamento ?
O tratamento é dividido em tratamento das crises de tontura e tratamento profilático (evitar crises e progressão da doença).
7- Como é o tratamento das crises?
O tratamento das crises envolve medicações, chamadas de supressores vestibulares, com flunarizina, meclizina, dimenidronato, entre outros. Estes devem ser usados pelo menor tempo possível, já que impedem a compensação vestibular (recuperação do equilíbrio pelo próprio sistema vestibular).
8-Como é o tratamento preventivo?
O tratamento preventivo pode envolver medicações, principalmente a betaistina e os diuréticos tiazídios (hidroclorotiazida), mas também envolve mudanças alimentares, principalmente aumento da ingesta de água (35ml/kg/dia), diminuição da ingestão de sal, restrição de estimulantes labirínticos (principalmente xantinas, presentes no chocolate, e cafeína, presente em café, chás, suplementos alimentares), restrição de álcool e nicotina, restrição de ingesta de glutamato monossódico (substância presente na maioria dos produtos industrializados ultraprocessados), além do tratamento do estresse e da fadiga (que pode envolver apoio psicológico). Também é realizada a reabilitação labiríntica, que são exercícios que estimulam e treinam o equilíbrio, e objetivam a compensação vestibular.
9- Existe cirurgia para doença de Menière? Quando é indicada?
Existe tratamento cirúrgico, mas é reservado para casos incapacitantes, e pode ser feito por injeção de medicamentos (corticóide e gentamicina) dentro da orelha, descompressão do saco endolinfático, neurectomia vestibular e até labirintectomia. Esses últimos dois procedimentos são considerados ablativos, por causar destruição da estrutura ou função do ouvido, e serem irreversíveis. Portanto, raramente são realizados.
Dra Kênia Assis Chaves
Médica Otorrinolaringologista
CRMMG 52018
RQE 33072